Capitulo2)-26) Questões em Questionamento

Na fazenda os sorrisos saltavam pelos cantos dos cômodos. A alegria como uma brisa fresca da manhã passava de rosto em rosto. Mas a menina Samara foi abraçada pela preocupação, subitamente se vestiu de tristeza e ansiedade. Sentando-se num canto em busca de não ser vista , fechou os olhos para o mundo e passou caminhar em seu tesouro interno.

Como toda brisa, sempre passa, Anita, se aproximou para indagar a jovem.

- Oh! meu anjo, o que está lhe roubando a alegria?

- Tia, é como se algo de ruim estivesse para acontecer com Samuel.

- Mas meu anjo, o Alfredo está por lá, nada vai acontecer.

- Se Deus não edificar a casa em vão trabalham os que a edificam.

- Eu acho tão bonito esse jeito cristão que você e seus irmãos tem, mas há uma vida real para ser vivida.

- Tia, o que é real?

- Oh! meu anjinho, eu sou real, não sou? A Fazenda é real não é?

- A fome é real. A infecção é real.

- Não são?

- E os vírus, o mundo virtual?

- Me parece que são reais também.

- Mas esses nós não temos como vê-los, a não ser por um aparelho ou por sabermos que aquela dorzinha na barriga é a fome, e que aquela ferida vermelha foi invadida por bichinhos, não é?

- Isso mesmo... As expressões de indagação e questionamento de Anita, forçavam a testa a franzir.

- Assim tia, é a minha dor de saudade. Eu não sei como ela é mas quando eu a sinto posso até ver meus pais e irmãos. Basta fechar os olhos e pronto eles aparecem...

- Isso é normal.. é assim mesmo... Forja um sorriso que de tão falso chega a entortar o canto da boca.

- Assim também é com meu Deus.

- Ah,é! E como você o vê?

- Papai sempre disse para decorar o novo testamento da bíblia, o livro santo; só os evangelhos, as passagens do Filho de Deus, assim estaremos com Deus. Assim quando fecho os meus olhos eu posso ver uma linda luz e dela vem palavras como as do novo testamento e geralmente me respondem as pergunta que eu quero.

- Mas é assim?

- É algo simples de mais, não é? Samuel diz que com ele é diferente, mas nunca falou como...

- Eu poderia fazer?

- Basta fechar os olhos e no coração colocar um pedido primeiro.

- Como está Samuel, assim?

- Não. É como você desse um telefonema. Primeiro tem que discar o número.

- E qual o número?

- Não tia, aqui não tem número...sorri..

- Então..

- Você coloca no coração o pedido: Deus fala comigo.

- Assim, só.

- Esse é o número. E fique aguardando a resposta. É como o telefone estivesse chamando e você não pode escutar a chamada.

- E quanto tempo leva isso?

- Tal qual a um telefonema. Se seu coração estiver com vontade mesmo é rápido, caso contrario vai dar ocupado sempre.... sorri

- Bom, vou tentar.

Anita se relaxa, deixa seu corpo flutuar no desejo de querer ouvir algo que poderia ser Deus por que não?

No Hospital, as luzes cortam como uma lamina afiada a negra noite, para, busca se aconchegar em um lugar e apaga.

O professor Jardel fica tomado pela ansiedade, deve ser ele, que coisa horrível aguardar por algo.

O vento invade com maior fúria a janela da sala, e com uma raiva feroz joga as revistas para o chão, Alfredo fica surpreso com aquele movimento. Como místico, traduz o vento como um desejo do jovem Samuel em vê-lo. Pega tudo o que acha ser necessário e sai.

Nada mais emocionante e gratificante é poder ver ou receber o que se aguarda com imensa ansiedade, dessa forma Jardel deixava o sorriso explorar as suas expressões.